Hoje, para mim, foi o início de uma nova actividade no meu dia-a-dia. Passei a fazer parte do pequeno grupo de voluntários do lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia na minha cidade. É ainda cedo para falar porque só lá estive 2 horas, mas parece-me que vou ser útil, e também vou preencher um espaço que faltava na minha vida.
Esta não é a minha primeira experiência como voluntaria, pois durante 9 anos fui voluntária hospitalar, e foi muito gratificante, mas diversas circunstâncias me afastaram dessa função já lá vão quase 4 anos. Saí muito magoada com algumas pessoas, mas agora penso que será melhor até porque é outra instituição, são outras pessoas e outros afazeres.
Quase todas as pessoas que vivem nos lares sentem-se sós. Hoje só uma senhora precisou da minha atenção. E em 45 minutos, tantas coisas que tinha para me contar! Provavelmente quando lá voltar vai contar-me como foi o namoro com o seu marido, como nasceu o seu primeiro filho etc. …mas não faz mal, farei com que pareça a primeira vez que a estou a ouvir.
Tantas mágoas que escondem aqueles rostos enrugados, tantas desilusões, e o sofrimento por não estarem com as famílias? Algumas dessas pessoas até têm familiares que vivem perto, mas a nossa sociedade não tem tempo para os mais velhos.
Eu compreendo e não estou falando por mim, quando chegar á 3ª idade como agora tão pomposamente se diz (até já se fala numa 4ª idade!) estou preparada para não ser um fardo para os meus filhos, por isso ainda bem que os lares existem, temos é que procurar transformá-los num verdadeiro lar para quem deles precisa.
E assim fica este quadrado.