Quando os meus filhos eram pequenos, desde muito cedo me recordo das cartas que eles escreviam ao Pai Natal, ainda mesmo sem saberem ler nem escrever. Eram uns rabiscos que só as mães sabem decifrar, mas era uma tarefa que eles levavam muito a sério! Só que eu tinha que pedir para eles me lerem o documento, para eu conseguir perceber o pedido.
Hoje como eles já cresceram, e deixaram de acreditar no Pai Natal, chegou a minha vez de o fazer.
Então vou começar, (espero que o Pai Natal seja um “rapaz” moderno que ande a passear pelas internetes).
Olá Pai Natal, estou a escrever a minha primeira carta para ti, espero que não esteja muito frio por aí, e que a Mãe Natal esteja de boa saúde, nós por aqui tudo bem, ou como a malta nova diz, tudo Bué da fixe, (estou tentando me adaptar a estas novas palavras, quem sabe se não farão parte do novo acordo ortográfico?)
Então é assim, começo por pedir o que quase todas as pessoas querem, que é paz para o mundo, sei que não é fácil mas não custa nada dar uma ajudinha.
Depois, podes oferecer umas férias prolongadas à D.ª Crise? É que estamos fartos de ouvir falar nessa senhora, e com um pouco de sorte ela ficaria longe por muito tempo.
Também fazem falta uns aviões que nos levem daqui até ao Continente, a preços mais simpáticos, que estes que cá temos estão pela hora da morte.
Queria pedir-te um empurrãozinho nas obras da Via Vitorino Nemésio, é que já parecem as obras de Santa Engrácia, sabes, já não se aguenta tanta confusão ou será tanta incompetência?
E se ajudasses a resolver o imbróglio em que se tornou o processo da Casa Pia? Já não há pachorra... e os “coitados” dos pobres ricaços envolvidos nos escândalos com os bancos? È de mais! Este país está mesmo de rastos só mesmo tu, ou o Menino Jesus, podem fazer alguma coisa, enfim!
Olha, vê lá se podes fazer alguma coisa pelos meninos que não vão receber brinquedos este Natal, ao menos que tenham um tecto sobre a sua cabeça e alguém que olhe por eles, alguém que os proteja dos maus (sei que este não é bem o teu departamento, mas sabes, os “lobbies” estão na moda).
Agora termino, se calhar ainda volto a escrever-te, é que eu não era bem isto que queria pedir-te, mas foi o que me deu para escrever. Até à próxima.